Casais catarinenses desbravam a Europa de Motorhome

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Um dos viajantes, Flávio Felix, conta em pequenos diários como foi a viagem, encerrada no último sábado.

 

Durante 23 dias, um grupo de 23 casais catarinenses (um deles estava com dois filhos, totalizando 48 pessoas) desbravou a Europa em 12 motorhomes. A Caravana dos Manés foi idealizada há um ano. A trupe iniciou a andança por Barcelona, na Espanha, seguindo por Mônaco, França, Holanda, Suíça e Bélgica. No total, 5 mil quilômetros rodados. O caderno Viagem, do Diário Catarinense, publicado às terças-feiras, acompanhou a viagem desde o ínicio, a partir do Diário Motorhome, enviado semanalmente por um dos viajantes, o advogado Flávio Felix. A série se encerra nesta terça-feira. A seguir, confira todos os diários publicados.

Malas perdidas e Oioioiós (11 de setembro)

O início da viagem, na quinta-feira (dia 6), de São Paulo até Paris, ocorreu tudo bem. Em Paris, fizemos uma mudança de aeronave para ir até Barcelona. Neste roteiro final, um atraso de quase uma hora no voo terminou ainda com o desaparecimento de seis malas que, depois soubemos, foram desviadas para outros destinos em São Paulo. Mas, superado os percalços, ainda que sem as malas, e depois de quase dois dias de viagem, pegamos os mototorhomes e dormimos nossa primeira noite em Girona, naEspanha, num camping localizado na beira da praia. Estrutura cinco estrelas, realmente, sem exageros.Domingo, após transitarmos numa estrada espetacular entre Girona e Nice (na França), tivemos aquele primeiro dia totalmente relax, com os intrépidos manés, já adaptados aos carros e seus equipamentos e tirando o dia para passear. Alguns em Nice, outros por toda a Cote d´Ázur e Mônaco. Deslumbramento generalizado dos manés. Oioioió, para todo lado! Nesta terça, partimos para Interlaken, bem cedo, para subir o pico mais alto da Europa de trem. Ah…as malas, estamos acompanhando e soubemos que uma está em Pisa, outras duas em Zurique e outras ainda em local incerto e não sabido.

Criando asas (18 de setembro)

E ao cruzarmos a esquina… as luzes vermelhas. Finalmente chegamos no Red Street Light, famoso bairro de Amsterdam, na Holanda, frequentado por turistas do mundo inteiro e que causou de imediato um choque entre os incrédulos manés. Mas a euforia foi abafada pelas vigilantes e chocadas esposas que nos acompanham! Depois de Interlaken, na Suíça, o grupo de novo se viu extasiado, agora não mais pelo branco da neve eterna, mas pelo verdadeiro”calorão” causado pelas “raparigas”, no dizer de alguns. Ficaram para trás os dias sem malas, os mais de dois mil quilômetros de lindas, mas cansativas viagens. Na cabeça de alguns, com até mais de 70 anos, um choque cultural que os transportava para a famosa Vila Palmira, em Floripa. O jantar aconteceu tendo como vizinhos algumas das famosas vitrines com as meninase um dos famosos coffee shop, com a”maresia” característica de Amsterdam incomodando alguns. Evidente que depois de algumas geladas no restaurante, tudo virou uma festa, com as indefectíveis músicas de Teló e Gustavo Lima fazendo a alegria dos gringos. Como já sabíamos e confirmamos, até no som ambiente dos banheiros dos campings só dá eles. Grude nos ouvidos! Ah… as malas desaparecidas relatadas na matéria anterior? Cinco apareceram sete dias depois. Uma está ainda em Barcelona, provavelmente nos aguardando na cidade que encerraremos a viagem. Na próxima semana, Paris. Porque os manés não param e agora que pegaram o gostinho só dizem paras suas manés: J’aime mon chéri, com direito ao biquinho francês com o chiado dos manés. É noix!

Arrombasse, Paris (25 de setembro)

Mesmo para os mais viajados, Paris deslumbra e atordoa. Imaginem para os aventureiros manés, em grande maioria “marinheiros de primeira viagem”. O primeiro momento em frente à Torre Eiffel já iluminada foi praticamente uma catarse coletiva. Sim, de cara, “arrombasse” com os manés, Paris! Recapitulando para os amigos leitores que não acompanharam nosso périplo, saímos inicialmente da Espanha num grupo com 48 pessoas, em 12 motorhomes. Dois casais por carro, com exceção de um carro em que viajou um casal com suas duas filhas, a família Antunes, do Ribeirão da Ilha. Passamos por Barcelona, Riviera Francesa, Mônaco, norte da Itália, Interlaken e Berna, Rota da Alsácia, Luxemburgo e Amsterdã. Após passarmos na encantadoraBruges, na Bélgica, onde nos”empapuçamos” do melhor chocolatedo mundo e nos esbaldamoscom a enorme quantidade decerveja que fabricam, paramos emParis. Quatro noites. Chegamos nofi nal da tarde, organizamos nossacaravana no camping e sob a coordenaçãoda Neide, minha esposatambém com raízes fortes noRibeirão. Todo o grupo, 48 manés,pegou o “latão” do camping comdestino à estação de metrô quenos deixou na Torre Eiffel.Aos primeiros passos foi umshow de “oioió”. Manés totalmentearrepiados. Só um lanço (lance?)de tainha daquelas do passadodeixaria a maioria mais eufórica.Mas o melhor estava por vir.Como a Dona Neide, minha patroa,tinha feito reserva para umpasseio no Bateaux Mouches,fomos passear. Para os mais chegadosdo mar, uma enorme “bateira”,o tal de Bateaux. No meioda viagem, de repente, começa oshow de luzes na torre. Incrível!No diário anterior, tínhamoscontado que os manés estavam”criando asas”. Bem, depois dessedia, visitamos o Jardim de Monet edepois Versailles. Sexta, rumamosa Bordeaux, com passagem noVale do Loire, a região dos fantásticoscastelos. São os manés, “nojentos”tomando conta de Paris.

Caravana de volta (02 de outubro)

Após quase 20 dias de viagem, a manezada chegou em Bordeaux, na França, já meio no “bagaço”. Saudades da terrinha, dos filhos, do cachorro e alguns, como o Vilmar e meu mano Ney, até do curió. Na manhã seguinte, seguimos para a cidade ao lado, St Emillion, patrimônio histórico e grande produtora de vinhos de primeira linha. À tarde, almoço na bela Bordeaux. Cidade belíssima! De repente, o susto. Bateu um “pampeiro” danado. No dizer dos manés, “tale e quale um vento sule”. Alcançamos Barcelona no final do dia seguinte, onde uma nesga do verão ainda persistia. Boa parte do grupo foi passear na La Ramblas, a mais famosa das avenidas da cidade, e chegou ao Maremagnun, um pequeno shopping flutuante, onde se depararam com uma “manta” de tainhas ao lado da passarela sendo alimentada pelos turistas. Foi demais para alguns! Diante da abstinência gastronômica de peixes, Barcelona proporcionou uma visão praticamente alucinógena aos manés. Dali, passeios, compras, mais passeios, mais compras, pois final de viagem bate um desespero consumista nelas. Barcelona foi nosso ponto final, após 23 dias de uma aventura intensa. A ideia da viagem nasceu há um ano. Fizemos cinco reuniões preparatórias, com filmes, slides e detalhamentos técnicos sobre campings, carros e roteiros. Somente quatro dos casais já tinham viajado de motorhome. Nenhum no exterior, com exceção de mim e de minha mulher Neide. Viajamos por quase 5 mil quilômetros, num grupo de 48 pessoas, em 12 motorhomes. Foram instalados toldos em todos os carros, com mesa e cadeiras, por exigência nossa, já que reuniões noturnas em campings não fazem parte da cultura dos europeus. E as “reuniões” aconteceram todas as noites, onde os manés se reidratavam bem, muito bem. Chegamos a minúcia de todos os carros terem rádio comunicador para falicitar nossa comunicação. Dos integrantes, o mais vivido tem 76 anos: Dr. Inésio Laus. Como sempre lembra o nosso brilhante Paulo da Costa Ramos, mané que é mané não deixa passar oportunidade de apelidar alguém. E lá ficou Dr. Inésio, o incansável dos incansáveis manés, apelidado de “seu Leleco”. Espero que ele não fique “infunchado” pela revelação. A aventura foi fantástica. Até a próxima!